sexta-feira, 21 de maio de 2010

A CRIANÇA E A SEPARAÇÃO DOS PAIS


A Criança e a separação dos pais.

Magda Belamir Consalter
Psicóloga

Quando os pais se separam a cabecinha da criança entre em confusão ela nesse momento não sabe o que irá acontecer a ela.
A criança tende a se questionar e agora será que também terei que separar-me? E como fica isso?
Se para os adultos a separação é algo doloroso e difícil de ser trabalhado, para a criança é ainda muito mais difícil, devido a isso muitas crianças necessitam de um acompanhamento psicológico, um profissional que as ajude a compreender e expressar seus sentimentos. Que ela possa entender o que está acontecendo na vida dos pais e o que irá mudar na sua vida também.
As crianças aprendem os símbolos antes de aprender palavras por isso que para a maioria das crianças é mais fácil expressar seus sentimentos através do desenho, desenhando ela vai verbalizar o que está sentindo naquele momento.
Os sentimentos que geram na criança frente a separação dos pais pode ser muito estressante para a maioria das crianças. Devido a isso muitas crianças escondem seus sentimentos os quais podem transformar-se em dores de cabeça, dores de estomago ou algum outro problema de comportamento.
De um dia para o outro a mãe percebe que seu filho está mais agressivo com os coleguinhas, que deixou de fazer as tarefas, ou até mesmo volta a fazer xixi na cama, entre outros.
Cada criança assim como o adulto manifesta seus sentimentos de uma forma, por isso devemos saber respeitar esse momento que é delicado e de difícil entendimento.
A psicoterapia ajuda a criança nesse momento a entender o porquê da separação, ela vai entender que os pais estão se separando que cada um vai morar em uma casa porém ela continuará a ser filho(a), dos dois, o amor e carinho continuará, agora ela terá duas casas.
Vai compreender que passará por alguns momentos de adaptação mas que no final tudo dará certo. E aprenderá que na vida tudo nem sempre é como a gente deseja, que há momentos de alegria, tristeza, mas que tudo passa.
A psicoterapia infantil busca dentro do lúdico resgatar os sentimentos e desejos da criança. Fazendo com que ela possa compreender o mundo dos adultos e o seu mundo.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Alcoolismo

O alcoolismo

Por que falar de um assunto um tanto quanto assustador e que aumenta gradativamente entre jovens? Por se tratar de algo que está se tornando epidemia, ou seja muitos jovens começam a beber ainda no início da adolescência, usando isso como um ritual de passagem ,o que significa: iniciar no mundo da bebida estará entrando no mundo dos adultos, ledo engano, pois após a ingestão do primeiro gole vem a vontade de ingerir mais bebidas, e muitas vezes aumentar a dose, para sentir-se “alto”, alegre, desinibido, o que talvez não conseguisse sóbrio, e/ou as vezes pela pressão dos amigos levam ao inicio da bebida.
O alcoolismo deve ser visto como uma doença e como tal deve ser tratada.
A definição para tal doença é: um conjunto de problemas relacionados ao consumo excessivo e prolongado do álcool, e é entendido como o vício de ingestão excessiva e regular de bebidas alcoólicas, e de todas as suas conseqüências decorrentes.
O alcoolismo é, portanto, um conjunto de diagnósticos.
Ou seja junto a ele encontramos :
• a dependência,
• a abstinência,
• o abuso (uso excessivo, porém não continuado),
• intoxicação por álcool (embriaguez)’
• síndromes amnéstica (perdas restritas de memória),
• sindrome demencial,
• síndrome alucinatória,
• síndrome delirante,
• síndrome de humor.
• distúrbios de ansiedade, sexuais, do sono e distúrbios inespecíficos.
• e por último e que pode vir a ser fatal é o delirium tremens.
Dessa forma o alcoolismo é um termo genérico que identifica alguns problemas, e para um melhor diagnóstico é necessário verificar quais ou quantos sintomas estão presentes no indivíduo com problemas relacionados ao álcool.
O diagnóstico é normalmente prejudicado devido a negação do paciente a ser dependente, pois ele nega sua condição de alcoólatra.
Outra dificuldade vista no inicio é o limite entre o uso social e a dependência, pois nem sempre isso fica claro ao profissional e ou paciente.
Quando o paciente concorda e há condição de um diagnóstico já passou-se muito tempo e diversos prejuízos foram trazidos a essa pessoa e sua família. Na maioria dos casos já houve separação conjugal, perda de emprego, perda de funções mentais. E junto a tudo a isso a baixa auto estima do paciente prejudica no tratamento e recuperação.
Por isso o paciente que decide por sua recuperação deverá buscar ajuda de profissional capacitado e muitas vezes há necessidade de medicamentos para aliviar sintomas de abstinência, também há necessidade de uma supervisão de familiares e amigos que o rodeiam.
Assim como o paciente a família deverá ter acompanhamento profissional para que essa possa saber lidar com esse problema pois muitas das rotinas da casa deverão ser mudadas.
Tratando-se a base do problema muitas vezes se resolve o alcoolismo. Pois muitos são os motivos que levam o individuo a ingestão alcoólica, o desejo de ser aceito pelo grupo, necessidade de diminuir a inibição, querer ser social ou seja ser uma pessoa extrovertida, ter realizações sexuais que pensa não conseguir sóbrio, ou até mesmo fugir de uma relação sexual, por sentir-se incapaz de proporcionar prazer a outrem. Ou até mesmo fugir de sua situação sexual ou seja opção sexual.
Por tanto sendo o alcoolismo, essencialmente, o desejo incontrolável de consumir bebidas alcoólicas numa quantidade prejudicial ao bebedor. Percebe-se que o núcleo da doença é o desejo pelo álcool, sendo isso percebido há tempos e aceito, pelas autoridades de saúde mental, porém ainda não foi conseguida uma substância psicoativa que inibisse tal desejo. Para tanto a necessidade de vigilância a esses paciente deve ser contínua e gradativa, pois o índice de pacientes que recaem e voltam a beber é alarmante.
A busca pela espiritualidade nesses casos tem demonstrado que o paciente consegue manter-se por muito mais tempo longe da bebida assim como o total
restabelecimento da doença não significando que ela possa ser curada, o alcoolismo não tem cura, sendo dessa forma um ex-alcoolatra deve manter-se longe do primeiro gole.
Alcoolismo é doença e como tal deve ser tratado.
Se dentro de sua casa ou família há alguém com problemas com álcool busque ajuda, pois quanto mais cedo isso acontecer mais cedo o problema poderá ser sanado.
Magda Belmair Consalter
Psicologa

domingo, 2 de maio de 2010

Bulling

Texto extraído do Relatório de estágio em Psicologia Social, realizado junto a delegacia de Policia de Araranguá, sob orientaçao do Professor Orientador Marlon Xavier. Estagio realizado no período de agosto a dezembro de 2006.
Espero que tal texto possa ajudar em uma melhor compreensão do que é Bulling.

Uma boa leitura.
Magda

Bullying

“A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota”.
(Jean Paul Sartre)



A violência física faz reinar a lei do mais forte , oprimindo indivíduos e a grupos mais fracos. O bullying é melhor explicado pelo lado SOCIAL – pela sociedade altamente competitiva e massificadora em que vivemos (que faz com que os “losers”, os rotulados como “perdedores”, e os diferentes sejam acuados e agredidos pela maioria, que assim reafirma sua idéia: “nós somos os normais, os bons, os que prestam; eles são os diferentes, os ruins” etc.); pelas imagens violentas dadas pela mídia e pelo cinema e pelos videogames, com as quais os adolescentes e crianças se identificam; e pela falta de valores construtivos e de solidariedade (exatamente pelo valor maior ser a competição).
Entende-se por agressão todo comportamento que fere ou traz prejuízo a outrem , uma intenção de ferir. As formas de agressão podem ser muito diversas e englobam toda reação, direta ou indireta, ativa ou passiva, motora ou verbal , destinado a prejudicar aos outros.
Segundo Daron(2002,p.38) , “em psicologia social a existência de uma energia pulsional autônoma é contestado, a pulsão não engendraria senão uma disposição para agredir , atualizada por fatores situacionais”.
Se fatores situacionais levam o indivíduo a agredir outro , então devemos observar o recreio escolar que deveria ser um espaço de desenvolvimento motor pessoal e social. As crianças deveriam usar esse espaço para seu bem estar e do prazer , mas porém o que se observa que elas estão gerenciando esse espaço de tempo para brigas, agressões e violências.
Se o recreio escolar deixou de ser um espaço de socialização , então o que teria mudado?
A preocupação com a violência no espaço escolar torna-se alvo de muitos estudos , com uma visão a compreender e consequentemente tem um caráter preventivo.
O objetivo desse estudo é a prevenção ao crime por isso entramos na escola para educar , resgatar valores , ensinar formas de como se prevenir contra drogas , orientar sobre o inicio precoce da vida sexual. Porém começa-se a perceber que há uma violência com fatores de risco que ameaçam o desenvolvimento psicológico e o bem estar das crianças e jovens. O bullying.
Segundo Pereira(2002,p.15) “ o bullying adquire diversas formas, algumas mais cruéis de que outras, dependendo de diversos fatores”.
A agressividade na escola tem visado o mal trato pessoal, a intimidação psicológica e o isolamento social entre pares. Esse tipo de agressão, pode estar ligado a um ou vários alunos que decidem agredir injustamente outro colega. E essas agressões podem ser de curto ou longo período, variando de formas, podendo ser agressão, física, extorsão de dinheiro ou ameaças. Normalmente tais agressões são feitas a crianças mais inseguras, fáceis de amedrontar ou que têm dificuldade para se defender.
Para as crianças que sofrem de bullying, a ida à escola ou o horário do recreio se torna algo temeroso. Pois é esse espaço que o agressor usa para fazer seus atos agressivos.
O termo bullying não tem uma definição na Língua Portuguesa, carecendo de um conceito, em Pereira (2002,p.16) encontramos termos utilizados para bullying: “agredir, vitimar, violentar, maltratar, humilhar, intimidar, assédio sexual ou abuso entre crianças, “o fazer mal” , sobretudo identificamos o termo pela intencionalidade de magoar alguém, uma vítima alvo de ato agressivo.
O bullying, visa uma vontade consistente e desejo de magoar ou amedrontar alguém quer física, verbal ou psicológica. O que diferencia o bullying de outras práticas agressivas, é a intencionalidade de fazer mal e persistência de uma prática e que a vítima é sujeita.
Em Pereira (2002, p.18) encontramos três fatores mentais para identificar o bullying:
• mal causado a outrem não resultou de uma provocação, pelo menos por ações que possam ser identificadas como provocações;
• as intimidações e a vitimização de outros têm caráter regular, não acontecendo apenas ocasionalmente;
• geralmente os agressores são mais fortes(fisicamente), recorrem ao uso de arma branca, ou tem perfil violento e ameaçador. As vítimas freqüentemente não estão em posição de se defenderem ou de procurar auxilio.

Efeitos imediatos do bullying.

Em estudos realizados em escolas do Reino Unido, verificou-se que as crianças vítimas de bullying, tendem a ter uma fraca auto-estima, começam a manifestar dificuldades de concentração, dificuldade de adormecer, medo ou renuncia em ir para escola, começam a isolar-se dos demais.
As vitimas experienciam com mais freqüência pouca aceitação, rejeição ativa é são menos escolhidas para melhor amigos, o que gera uma frustração e diminuição da auto estima, pois são tratados de fracos, medrosos.

Efeitos do bullying para agressores.

Em Kennedy e Peery (1993 apud Pereira 2002, p.24), encontraremos “as características mais diferenciadas parecem ser a dificuldade no controle de impulsos, défices nas aptidões sociais, crenças irracionais”. O que se vê na literatura são previsões pessimistas acerca das futuras capacidades de adaptação social às crianças agressivas.
Para Lane (1989, apud Pereira 2002, p.24) “ ser agressor na escola é um forte preditor de delinqüência”. Por isso a importância de trabalhar na escola o resgate de valores, prevenindo dessa forma o crime e outros atos agressivos.
Algumas conseqüências para a vítima de bullying segundo Pereira (2002, p.25):
• vidas infelizes, sempre sob a sombra do medo;
• perda da autoconfiança e confiança nos outros, falta de auto-estima e autoconceito negativo e depreciativo;
• vadiagem;
• falta de concentração;
• morte(muitas vezes o suicídio ou vítima de homicídio);
• dificuldade de ajustamento na adolescência e vida adulta; problemas nas relações intimas.

Conseqüência para os agressores:
• vidas destruídas;
• crença na força para solução dos seus problemas;
• dificuldade em respeitar a lei e os problemas que daí advêm, compreendendo as dificuldades na inserção social;
• problemas de relacionamento afetivo e social;
• incapacidade ou dificuldade de autocontrole e comportamento anti-sociais.
As conseqüência negativas vêm tanto para agressor ou vítima, em qualquer um dos casos deixará marcas para o futuro, portanto mais uma vez reitero a necessidade de prevenção dentro das escolas.
Esse relatório considera que o bullying, é um problema que está presente na Escola Municipal Jardim Atlântico, e tende a ser ignorado pelos professores, talvez devido a desinformação, desconhecimento, falta de orientação de como lidar com o problema.
Visando um olhar do que acontece dentro da escola propus-me a fazer uma pesquisa com alunos de 1ª a 8ª série da E.M.E.F. Jardim Atlântico.
Optei pela pesquisa qualitativa por ser essa abordagem a mais adequada a uma investigação sobre as práticas agressivas, dentro da escola.
Por ser uma pesquisa qualitativa os dados colhidos foram interpretados a partir do referencial teórico que orientou a pesquisa.
Segundo Luciano (2001, p.12), “pesquisa qualitativa considera a existência da relação entre realidade e o sujeito, ou seja, a indissociabilidade entre o fenômeno objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números”.
Entrevistei dezesseis alunos com idades entre 08 e 15 anos, sendo eles da 1ª a 8ª série, a escolha dos alunos fora deixada a critério das professoras de classe, buscando dessa forma diversificar os alunos, seus perfis estudantis. Essa diversidade permite identificar quais alunos possam estar sofrendo bullying, todas as entrevistas foram autorizadas previamente pela diretora da escola. As questões seguiram um roteiro semi-estruturado contendo questões pertinentes aos objetivos da pesquisa.
Os resultados obtidos com a pesquisa , descrevem o quadro existente dentro da Escola de Ensino Fundamental Jardim Atlântico. Observei que os jovens entrevistados assustaram-se diante das perguntas a eles direcionadas pois acreditavam que seriam para delatar os colegas que usam de agressão para com eles.
Ao falarem de como são tratados na hora do recreio, entrada e/ou saída da escola, percebe-se que 70% dos alunos já sofreram ou sofrem agressões por outro colega, maior ou da mesma idade. E essas vão desde um simples empurrão na fila, xingamentos, tais como: gorda, veado, machorra, ou gestos obscenos.
Tais relatos demonstram que as crianças entrevistadas sentem na hora da agressão sentimentos de raiva, vontade de revidar, vergonha por estar sendo ridicularizado em frente aos demais colegas, tristeza por não saber o porquê de tal provocação, assim como medo de que as agressões continuem por um espaço maior de tempo.
Também fora indagado as crianças se elas denunciavam tais agressões a alguém, a maioria apenas fala aos pais, os quais orientam eles a não revidarem, e procurar um professor para relatar o acontecido. Porém observei que eles não buscam ajuda dos professores por esses não demonstrarem interesse nas queixas dos alunos.
Quanto as causas de tais agressões para os agredidos não está clara, pois como uma aluna relatou-me: - “não tenho culpa de ser gorda”, isso demonstra a tristeza e baixo auto estima que esta gerando nessa criança, pois seus colegas não a estão aceitando como ela é.
Na maioria dos entrevistados apareceu muita tristeza por sofrerem agressões, por parte de outro igual a eles, e sem motivo aparente. Os entrevistados relataram que sentem vontade de revidar mas não o fazem, por medo. Em Bustos (1999, p.29) encontraremos que “se a agressão é reprimida, instala-se a hostilidade, até chegar à violência” , pois se os jovens estão reprimindo sua raiva chegará um momento que não mais conseguiram reprimi-la, é um ciclo de violências e agressividade entre os alunos. Por isso a necessidade de buscar alternativas que possam auxiliar no combate as agressões infantis. Evitando dessa forma que essa saia fora dos murros da escola, para as ruas e comunidade.
Questionando os jovens sobre se já viram agressões dentro da escola, entre os alunos, todos foram unânimes com relação a terem presenciado práticas agressivas. Inclusive de aluno agredindo professor, portando objetos que seriam utilizadas para ferir outro.
Ao finalizar a pesquisa percebi que o psicólogo social deverá estar apto para lidar com a heterogeneidade de suas atribuições como profissional, pois ao começar um projeto almeja-se atingir um objetivo, mas no decorrer das atividade o rumo vai para outro lado oposto, mas que no final o resultado será gratificante, pois trabalhar a prevenção ao crime dentro de uma escola, que é uma comunidade vem de encontro com as funções da psicologia social.
Em Pedrinho Guareschi (apud Freitas 1996,p.14), encontraremos uma reflexão acerca da Psicologia Social Comunitária como conceitos de relações sociais, relações comunitárias, procurando demonstrar que é na comunidade que se estruturam as relações democráticas desejáveis.
Sendo na comunidade local que se estruturam as relações percebe-se que a escola deverá fazer parte de ação do psicólogo social, pois este deverá buscar junto a comunidade escolar formas de evitar agressões que possam prejudicar alunos, funcionários e demais integrantes dessa sociedade.
Conhecendo a realidade da comunidade, em que o psicólogo está inserido, ele poderá fazer uma reflexão, de como partir para uma ação conjunta e organizada, trabalhando com a linguagem e representações, relações grupais, com as emoções, afetivas que são próprios da subjetividade humana.
Dessa forma estaremos educando e prevenindo contra a violência, em conjunto
com a sociedade maior e a comunidade escolar

Magda Belamir Consalter
Psicóloga