Emoções dentro das organizaçoes por Magda Consalter, especialista em comportamento organizacional e gestão de pessoas.
Muitas vezes com a intenção de evitar problemas emocionais, as pessoas de dentro da organização acabam encobrindo os problemas organizacionais, a fim de diminuir a seriedade do problema, negam sua existência ou o tratam como algo banal sem importância, desenvolvendo uma falsa aparência de sociabilidade dentro do local de trabalho.
Falar de emoções principalmente no âmbito organizacional não é tarefa fácil, pois ela não é algo concreto palpável, mas sim diz respeito à subjetividade do individuo. As emoções são características pessoais, e somente por ser vivenciada pelo individuo, dessa forma podemos percebê-la como algo visceral ou psicológico de cada ser.
As emoções não são algo individual, mas fazem parte da ação de cada um, dizem muito das relações dos indivíduos, para entendermos melhor cito Dumouchel (1995 apud Davel 2009, p.228) que diz,
“Dizer que as emoções são sociais, significa que são atos ou o resultado de certos atos coroados ou não de sucesso, demandando certas competências. Todavia, se as emoções são atos, como perdoar ou aconselhar, elas não estão inteiramente ao poder daqueles que as iniciam. Importa, então, saber qual gênero de atos elas constituem e que papel a intenção desempenha nas emoções, pelas quais, por sua vez eu passo e pelas quais sou responsável”.
Percebemos que as emoções fazem parte das relações, devido a isso os gestores deverão estar cada vez mais atentos, pois elas são parte integrante das estratégias e jogos principalmente em se tratando de negociação, onde certamente elas estarão presentes e quiçá poderão estar a favor ou contra um resultado satisfatório.
Em muitos casos as emoções são difíceis de ser definidas, por se encontrarem latentes e dinâmicas, demonstrando um passado, não muito feliz, ou seja, uma situação similar a que o individuo está passando. Devido a isso devemos ter o cuidado e prestar atenção, pois essa pode ser um sinal ou um meio de comunicação que o individuo está utilizando para demonstrar o que sente.
A emoção como um sinal é parte integrante das intenções, para Davel (2009, p. 229), “ainda que não se possa saber qual é a natureza exata de uma emoção, dado que cada uma é função da história de vida e do corpo do individuo que a sente ”. Devido a isso devemos tentar entender o que ela está nos sinalizando se seu significado é algo positivo ou negativo, sendo ela uma forma de comunicação no momento que estamos conversando com alguém e esse ficar ruborizado, tremulo, demonstrar sudorese. Devemos entender a mensagem que ele está nos passando, assim como identificar se podemos ou não continuar nosso discurso. As emoções nos codificam informações, bem como comportamentos, pois é através da emoção que o homem se constitui como sujeito. Sujeito esse passivo de ter momentos de tristezas, alegrias, entusiasmo, frustração, e como não de momentos conflitivos que geram outras emoções.
Conforme as experiências passadas às emoções podem nos dar informação de como cada individuo encara situações de estresse, conflitos entre outras. Elas têm um estoque de conhecimentos, comuns e subjetivos, que os permitem conhecerem os resultados antes mesmo de esses acontecerem, devido ao comportamento demonstrado em situações anteriores.
O funcionário muito estressado tende a faltar mais ao trabalho, seja por doenças físicas ou psicológicas, ou apenas para escapar de um ambiente tenso e desgastante que os conflitos podem gerar.
O stress coloca o corpo em alerta e debilita o organismo, diminuindo a imunidade física e psicológica do individuo. Por isso percebe-se que um ambiente de trabalho emocionalmente inteligente leva a diminuição do stress e da frustração.
Quando o nível de stress é diminuído consequentemente o nível de conflitos também diminui.
Diante disso vê-se a necessidade de um ambiente harmonioso, que passe aos indivíduos a sensação de acolhimento, assim funcionários sentirão menos a sensação de medo, insegurança e os chamados sentimentos conflituosos não terão mais espaço. Pesquisadores perceberam que em ambientes estressantes que geram conflitos interpessoais, inseguranças, funcionários tendem a ter mais problemas de saúde. (RYBACK, 1998)
O individuo necessita de um ambiente de trabalho acolhedor que lhe dê a sensação de segurança, onde possa compartilhar sentimentos, saber que ali tem alguém confiável, digno de sua amizade, para melhor desempenhar suas atividades cotidianas.
Dessa forma podemos perceber que se utilizarmos de inteligência emocional no ambiente de trabalho haverá mais benefícios, tanto para funcionários como para toda a organização, mudar atitudes pode ser encarado como desafios para aqueles que têm dificuldade de expressar seus sentimentos, porém é uma atitude que deve ser treinada a fim de haver uma melhor qualidade de vida dentro da organização.
A emoção é uma das mais antigas expressões, que existe, porém nunca antes fora tão debatida dentro da organização. Porém nos dias de hoje é imprescindível, pois não estamos falando das emoções de amor, paixão, mas das que nascem através da comunicação, que nos ajudam a expressar melhor nossas palavras, nossas preocupações.
Pois conforme Ryback (1998) é da inteligência emocional que necessitamos, pois essa integra nossas emoções com nosso conhecimento intelectual. Para que melhor possamos entender o que é inteligência emocional, podemos compará-la com a capacidade de usar nossa percepção e sensibilidade para identificar, o que está por trás da comunicação interpessoal.
Ou seja, uma pessoa que faz uso da inteligência emocional, consegue captar os menores gestos e que possam revelar desejos escondidos, assim como sentimentos e frustrações.
Toda organização é um lugar aonde as emoções vêm à tona a qualquer momento, pois estamos lidando com pessoas e essas são cheias de emoções, e cada uma traz uma carga junto da sua história pessoal e cultural. As experiências emocionais são formadas no convívio com o outro, no ambiente de trabalho, familiar, social, religioso enfim no dia a dia.
Nos dias de hoje ainda percebemos como é difícil falarmos de emoções, poucos são os profissionais, de gestão de pessoas que tem a habilidade de abordar questões tão subjetivas ao ser humano, como afetividade, sentimentos, individualidade, enfim que busquem as estruturas emotivas do sujeito.
Porém creio que o gestor deva ser capaz de reconhecer tais estruturas, e buscar conhecer um pouco da vida pessoal de seus subordinados a fim de saber como lidar com cada um e com o grupo todo, esse conhecimento dá ao gestor a condição de elaborar planos de ação, de como lidar com cada personalidade tão distinta no mundo organizacional.
A compreensão do ser humano implica em conhecer a si próprio e talvez essa seja a dificuldade maior do gestor em lidar com o outro o medo de se conhecer, de perceber que é um ser emotivo e cheio de sentimentos. E por outro lado alguém capaz de sentir os mais sinceros e profundos sentimentos, inerentes ao ser humano.
Por outro lado o estudo das emoções dá ao gestor a capacidade de elaborar um caráter, ou seja, conhecer um funcionário em suas mais peculiares estrturas, isso o ajudará na colocação e elaboração de um plano de trabalho mais estruturado.